quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Leitura da semana: livros da Darkside Books

(Eis que resolvo dar o ar da graça e escrever alguma coisa...Ou terminar de escrever o que já tinha começado há meses atrás...)

O que os dois livros que irei relatar têm em comum? Ambos contam a história de uma amizade entre dois garotos, acontecem no estado do Maine (Estados Unidos) e têm como um dos personagens centrais uma criança com síndrome de asperger. Além disso, os dois livros foram lançados ano passado pela Darkside Books. Antes de comentar sobre os livros, gostaria de falar um pouco sobre essa editora.Diria que a Darkside é uma criança perto de suas irmãs (como a Companhia das Letras, que existe desde 1986) - sua primeira publicação foi Os Goonies no dia das bruxas de 2012. Dia escolhido a dedo, aparentemente. Afinal, embora não se limitem aos dois gêneros exatamente, o foco deles são livros de terror e fantasia. E que outro dia seria assim tão marcante para o terror quando o Halloween?

O lema da editora é "Aposte do Escuro", que ao meu ver, além de enfatizar o que eles querem trazer para nós leitores, acaba sendo também o diferencial deles para as outras editoras mais tradicionais e antigas: apostar no escuro foi o que fizeram quando andaram na contramão do cenário editorial atual e investiram em livros de capa dura, edições lindíssimas, ilustradas e cheias de capricho. Ora, pode-se dizer que estamos na geração do e-book, espera-se que as editoras invistam neles. Há quem ache que os livros físicos não sobreviverão por muito tempo ou quem pense "para que carregar peso se posso ter um kindle?" Então para que gastar a mais em uma edição de capa dura se pode ser lançado uma versão brochura mais simples? Ignorando essa pergunta, a Darkside trouxe ao mercado livros visualmente elaborados. E felizmente, eles encontraram um público para esses livros - os quase 800 mil seguidores na página deles no Facebook é uma prova disso.

O que achei super legal também é o fato deles trazerem para o Brasil títulos contemporâneos que estão dando o que falar pelo mundo. Boa parte das vezes, eu acabo optando por ler os clássicos, ou ainda, livros de autores que já conheço. Em 2016, diria que a Darkside foi a grande "culpada" por eu ter lido obras mais recentes de gente que nunca ouvi falar na vida - seduzida pelas edições da Caveirinha (apelido carinhoso que a editora recebeu dos leitores). É relevante dizer também que um dos selos deles é voltado a publicações apenas de mulheres, a Darklove, o que já me deixa mais do que empolgada em ficar de olho nos lançamentos deles.

Foi por ter me apaixonado pela editora que resolvi pegar para ler "Em algum lugar nas Estrelas" e "O menino que desenhava monstros", sem ao menos ler sobre o que se tratava as histórias ou conhecer os escritores.

Em algum lugar nas estrelas 
(Clare Vanderpool)

A segunda guerra acabou e tudo o que Jake Baker queria é que seu pai, um oficial da marinha, voltasse para casa. Infelizmente, antes disso acontecer, a mãe do menino morre e o reencontro com o pai não é da forma que ele esperava: onde era para ter risos e alegria, apenas se teve saudade e luto. Com a morte da mulher, o pai resolve mandar o filho para um internato militar para meninos no Maine. É lá que Jake conhece Early Auden.

Como Jake, Early também sabe o que é perder alguém: seu irmão morreu na guerra, porém ele não consegue acreditar que isso seja verdade. Da mesma forma que não consegue lidar quando um estudioso diz que o número "Pi" tem um fim e resolve que vai provar isso. Early acredita que o número Pi conta uma história, a história de Pi, e que essa história está ligada com a vida do irmão e que se Pi tem um fim, a história do personagem Pi e do irmão tem um fim: a morte. O menino acredita que o irmão está apenas perdido, então resolve partir em uma viagem de busca atrás do irmão, guiado pela narrativa que ele consegue ler nos números de Pi. Jake vai com ele, com certo receio, porque inicialmente ele acha que o que Early crê como real é apenas uma fantasia infundada. Auden não parece ser como os outros meninos, vê sentindo em coisas que Baker não entende, tem músicas certas para os dias da semana (e Billie Holiday para os dias de chuva) e quando nervoso, só se acalma organizando balinhas coloridas de forma a agrupa-las por cor.

O livro conta uma aventura, onde não sabemos em alguns momentos distinguir o que é real e o que é fantasia, mas acima de tudo, é um livro que fala sobre amizade e companheirismo. Achei a narração de uma sensibilidade ímpar.

O menino que desenhava monstros
(Keith Donohue)

Enquanto o primeiro livro é voltado mais à sensibilidade, eu diria que este é um suspense bem interessante. Jack Peter, de 10 anos, tem síndrome de asperger e desde que quase morre afogado, tem medo de sair de casa. A única pessoa que vai a casa dele é seu melhor amigo Nick. Ele diz aos pais que há monstros tentando entrar em casa, porém não é levado a sério... Até que seu pai começa a ver esses monstros também e coisas estranhas acontecem.

Dos dois livros, o segundo foi o que mais me agradou (por ser de de um dos meus gêneros preferidos). Porém os dois livros são ótimos! Recomendo a leitura.

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